quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Um dia

Já passa de meio-dia.
Há minutos estou sentado nessa cadeira.
Apoiando meus cotovelos na beira
Do balcão eu engulo essa cerveja fria
Que, Seria motivo de um barulho interminável
Em qualquer boteco de banheiro respirável.

Recebi uma mensagem minutos atrás:
“Estou chegando”. Na verdade não tenho pressa!
É a primeira vez que finco meu corpo nessa
Terra de Neruda, e não quero que o relógio de satanás
Ande mais rápido do que o necessário.
Se você está chegando: não importa o horário!

A vontade que tenho é de beijar teu rosto
E, me imaginar corajoso me conforta!
“Ela vem pela entrada lateral ou pela porta
Que sai direto na rua?”. Não sei! O gosto
De outra cerveja, completamente quente desta vez,
Ajuda-me a disfarçar toda minha timidez.

Ela está me olhando através
Do vidro! Um “Olá” curto marca o início
De um dia em que, quem diria, o maior suplício
Não será a forte dor nos pés
Depois de tantas, ruas, praças e esquinas cruzadas.
Nossas histórias continuam desatadas.

Procuro coisas interessantes para te dizer
No momento da última frase. Quero delicadeza!
Quero te dizer que com toda certeza
Sentirei tua falta.  Mas “Adeus” é tudo o que consigo fazer.
Viro as costas para sair e penso: “E você, só você, terá meu
Coração para sempre!”. É tarde. Esse dia já morreu.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Vejo seus braços abertos como cruz

Vejo seus braços abertos como cruz
Com a ponta dos dedos tocando o ar.
O vento gelado passa por teu pescoço
E eu respiro, profundo.
Eu te assisto.

Meu peso está espalhado pelo chão
Sobre uma folha qualquer que irrita meu braço
(A sua risada ruboriza alguma parte de mim que eu tento esconder).
O vento que caminha junto de nós
Canta, junto com as folhas, a mesma canção dos rios.

Ouço o leve silvo do ar saindo de sua boca: te achei!
Corro para a porta e te anuncio!
Ensaio um sorriso calmo
De um desinteresse inexistente.

Você não sabe. Eu não sabia.
Fiz como se não fosse nada.
Fiz como se não fosse o dia.